Lançamento do livro Barbarante, Ripas e Lutas, de professor da EAU-UFF

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A Livraria Icaraí, Eduff, convida para lançamento de livro de co-autoria do Professor e Diretor da EAU-UFF, Gerônimo Emílio Almeida Leitão.

O lançamento acontecerá no dia 15 de março às 18h na Livraria Icaraí, na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí – Niterói, RJ.

Atualização 10 de março de 2016

Leia aqui o discurso do Prof. Gerônimo.

 

Boa tarde,

Agradeço a presença de todas e todos, em nossa casa.

E ao saudar o Professor Sidney Mello, Reitor de nossa Universidade, saúdo os que aqui estão, amigos, colegas, nossa comunidade acadêmica e os que compartilharam conosco ao longo dos anos, a luta por uma sociedade mais justa, democrática e plural.

Inicialmente, quero agradecer aos Professores Werther Holzer e Maria Laís Pereira da Silva, que estiveram a frente da direção da nossa Escola, nos últimos quatro anos, empenhados em fazer o melhor, comprometidos que são com esta Escola, pela sua trajetória acadêmica.

Do mesmo modo, agradeço ao Professor Luiz Renato Bittencourt, pela sua atuação, como diretor em exercício, durante um momento particularmente difícil, como o que vivenciamos durante quatro meses de greve, em 2015. Uma paralisação que teve um elevado custo para nós, mas, que foi absolutamente necessária, em defesa da Universidade Pública, Gratuita de Qualidade e Socialmente referenciada.

Agradeço aos alunos, aos meus colegas professores, aos técnicos administrativos que decidiram trilhar com Louise e comigo a construção coletiva de um projeto de Escola. Agradeço à Louise, minha parceira, mais uma vez, neste percurso que trilharemos.

Agradeço, por último, à minha família, por tudo que significa para mim. E por família, compreendo que se trata de uma relação que não é construída exclusivamente pelos laços de sangue: é algo que envolve o amor, não importando gêneros, não importando credos, não importando etnias. Mesmo porque, ainda que tenhamos tudo, sem amor, nada somos – parece canção da Legião Urbana, e é, mas, é, também a Epístola de Paulo aos Coríntios.

Sei que os que aqui estão reconhecem que estão compartilhando mais do que um ato burocrático, formal, administrativo. Compartilham, na verdade, uma conquista democrática – particularmente importante para aqueles que foram alunos e professores durante os anos da ditadura implantada em 1964: uma conquista que é a possibilidade de escolhermos as nossas representações, legitimas e legais, em todas as instâncias da Universidade.
E essa representação que resulta da vontade coletiva, nos dá forças para enfrentar os desafios postos por um cenário de crise econômica, política, mas, sobretudo de referências éticas. Nos últimos tempos, muitas vezes, tem-se a impressão de que não há perspectivas que possam romper com esse quadro – como se, no amanhecer, encontrássemos trevas.

Porém eu creio, paradoxalmente, que viver este momento em nosso país, e, particularmente, nesta Escola, na nossa Universidade, é um privilégio. Um privilégio para todos nós que compartilhamos o sonho de construção do conhecimento, em um contexto tão adverso. Digo que é um privilégio, porque acredito que, no futuro, os que aqui estarão, se lembrarão de nós como aqueles que enfrentaram todas as dificuldades, com determinação, comprometimento, e, porque não, leveza – até porque, há que endurecer, sem jamais perder a ternura. Lembrarão como estivemos à altura dos desafios que se colocaram diante de nós. E esse terá sido o nosso momento mágico, nas palavras de Walter Benjamim. Um momento mágico construído coletivamente.

Transformar o cotidiano cinzento é algo que depende do desejo, do envolvimento, da crença, da fé. E quando digo isso, penso em um conto de Tolstoi, em que um homem caminha por uma rua e vê uma obra. Curioso ele pergunta ao primeiro trabalhador que encontra: o que você está fazendo? E ele responde: “Estou assentando tijolos”. Insatisfeito com a resposta, esse homem faz a mesma pergunta a um outro operário, que responde: “Eu estou levantando uma parede”. Quase desistindo de tentar compreender o que afinal é aquela obra, ele pergunta a um terceiro trabalhador que cumpre as mesmas tarefas dos outros dois e este responde: “Eu estou construindo uma catedral”.

Eu acredito que todos nós , os membros de nossa comunidade acadêmica, possamos dizer– através de cada uma de nossas ações –: estamos construindo uma Escola de Arquitetura e Urbanismo, voltada não só para a formação de profissionais de excelência, mas, sobretudo, comprometidos com a luta pelo direito à cidade, para todos, como nos ensina Lebfevre.

Acredito, portanto, que nós devemos tomar emprestadas as palavras dos estudantes franceses do maio de 1968, e tê-las como lembrança sempre presente nas nossa ações do dia a dia: “sejamos realistas, vamos em busca do impossível”.

Mais uma vez obrigado por vocês estarem conosco, em nossa casa, compartilhando este momento mágico.

O meu grande e cordial abraço para todas e todos.

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