82ª turma de Arquitetura e Urbanismo da EAU-UFF se forma

20151formandosÉ com muito orgulho que informamos que no dia 08 de janeiro de 2016 foi realizada a cerimônia de Colação de Grau da 82ª turma de Arquitetura e Urbanismo da UFF.

A cerimônia, realizada no Auditório do Instituto de Geociências da UFF, graduou os 29 alunos concluintes do primeiro semestre de 2015 e teve como patrono o Arquiteto Urbanista João Batista Vilanova Artigas, falecido em 1985 e que foi um dos principais nomes da história da arquitetura de São Paulo.

Os alunos elegeram como Paraninfa a Professora Cristina Lontra Nacif, homenagearam os professores Laura Elza Lopes Ferreira Gomes, Fernanda Esther Sanchez Garcia, Gerônimo Almeida Emílio Leitão e a funcionária terceirizada Maria das Neves Benjamin da Silva.

Segue a lista dos alunos formados:

Alexandre Patricio Vieira
Ana Cecilia Goncalves Ferreira Silva
Anna Caroline de Souza Monteiro
Camilla Pizarro Sa Fortes
Carolina de Lima Leal
Caroline Maia Lacerda Pitta
Fernanda Pacheco Borges de Pinho
Flavia Fefer de Moraes Morgado
Gabriel Matos Maia
Gabrielle Vieira Feliciano
Gustavo Pereira Costa
Helena Vianna de Carvalho
Jessica Ojana Araujo Wili
Joao Felipe Pimenta Menandro de Oliveira
Joana Lima Magalhaes
Julia Cantarino da Costa Siqueira Mendes
Júlia Spadari Carreiro Alves de Lima
Lana Ribeiro Pereira
Larissa Guimaraes da Silva
Leandro Jose Lopes da Silva
Maicon de Oliveira E Silva Bezerra
Mayare de Castro Ferreira Epelboim
Mirella Furtado de Mendonca
Natalia Burlamaqui Soares Pereira
Paula Farias Martins
Paula Laiber Mendes de Oliveira
Pedro Málaga Baia
Ricardo Brito Alvarenga Pimentel
Samira do Amaral Ferreira Lopes Haddad

A todos os formados, os nossos mais sinceros parabéns e desejos de uma carreira longa, sólida e próspera!

Por fim, convidamos à leitura do discurso proferido pelo orador da turma, João Felipe Pimenta Menandro de Oliveira

Boa noite à todos,

Como foi apresentado, hoje, falo como o orador da turma. Após delegarem-me o cargo refleti muito sobre qual era de fato minha função na solenidade de hoje – por um momento achei que meu mandado seria impugnado por eu não ter religião definida.

Após algumas pesquisas constatei que o bom orador, como manda o figurino das melhores colações do mercado, carrega a tarefa de falar em nome de toda turma. Acho que não preciso ressaltar o quão pretencioso isso soa , mas juro que tentarei representá-los da melhor forma. Prefiro encarar meu papel de outra maneira. Hoje sou, literalmente, o mensageiro da alegria. Falem a verdade: durante quantos anos sonhamos com esse momento? Há cinco, seis, sete, dez anos para alguns? Isso não importa! O importante é que sobrevivemos a essa enorme seleção natural chamada universidade. Se pudéssemos nomear essa noite como nossos arquivos da faculdade seria: “finalzão, finalzão é sério, finalzão agora é pra valer”. Podemos dizer, tranquilamente, que o curso de arquitetura e urbanismo nos preparou para a vida. E digo isso sem nenhum tipo de cliché! Podemos dizer que a UFF foi nossa segunda mãe e o nosso segundo pai – prova disso é a forma como fomos moldados, na marra diga-se de passagem, de diversas maneiras a nos tornarmos pessoas melhores. Darei alguns exemplos como forma de sustentação da minha tese:

• A UFF mostrou-nos que ,definitivamente, o importante é competir.

Tudo começa já na prova de habilidade específica, a prova que testas nossos dotes artísticos para o ingresso no curso. Enquanto você tenta achar lógica entre uma galinha de plástico e um ambiente urbano – sim essa foi a prova da maioria que está aqui – você comete o deslize de olhar, por um segundo, para o candidato ao lado.
Resultado: enquanto você está fazendo um boneco de palito o adversário está com um desenho 3D interativo que salta do papel – geralmente são orientais. Os ensinamentos já começam na prova de vestibular; sempre haverá alguém melhor que você em certas áreas, mas o importante é se dedicar para que os progressos apareçam.

• A UFF mostrou-nos a lidar melhor com as perdas.

Lembro, como se fosse hoje, que ao recebermos a lista de materiais para as aulas de desenho senti que todos os ítens deveriam ter uma durabilidade de no mínimo 10 anos para não ter de ouvir dos meus pais aquele famoso bordão: João, meu dinheiro não dá em árvore. Dos 247 ítens comprados, restou-me apenas meio lápis, uma caneta BIC sem tampa e a mão. O resto perdeu-se em um buraco negro existente nas salas de aula que só deus sabe para onde tudo vai parar. O mundo era muito mais fácil nos programas da Eliana onde só precisávamos de uma tesoura sem ponta e de um adulto.

Acho pertinente salientar que se houver algum colega ao seu lado que te devolveu uma lapiseira, uma borracha, um esquadro, um compasso emprestado olhe nos fundos dos olhos dele e o presenteie com um longo e fraterno abraço. Ele merece.

• A UFF mostrou-nos a economizar e administrar nosso dinheiro.

Que atire a primeira pedra quem nunca se viu contaminado pela pão-durisse após um longo período comendo no bandejão! Naquele recinto o calouro está em seu habitat natural, afinal o deslumbre era inevitável: não era todo dia que uma refeição à setenta centavos batia em nossa porta. Era comum nos vermos imersos num mundo onde o ticket do bandejão era a moeda corrente da sociedade. Quando menos se esperava nos pegávamos pensando dez vezes antes de adquirir qualquer coisa que custasse R$3,50, pois aquilo representava, nada mais nada menos, do que 1 semana de almoço.

Que fase.

• A UFF mostrou-nos a superar desafios.

Outro intensivo que tivemos foi a arte de nos virarmos diante dos inúmeros obstáculos impostos pelo dia-a-dia. Só quem passou a experiência de fazer uma maquete entende o que estou falando. Além do enorme esforço e paciência dispendido na confecção temos que lidar com outro grande problema: o transporte. Certa vez saí de casa com uma maquete, mas ela infelizmente sucumbiu aos delicados motoristas de ônibus cariocas. Ela tinha três andares, linda, ao chegar na UFF notei que ela havia se transformado em uma planta-baixa, um origami.
Tirando o fato de que durante o curso nos transformamos em sacoleiros. É material de maquete, rolo de papel paraná, régua T, esquadros, prancheta portátil, bloco de papel canson, estojos com todas as cores do universo, notebook, canudo de projetos, um anão que faz planta-baixa entre outros. A única coisa garantida nessa fase é a escoliose.

Para quem é do Rio, tudo ainda torna-se mais desafiador quando a missão é tentar pegar aquela última barca que está para partir a qualquer momento, cheio de muamba nas costas. A luta contra o relógio é evidente e aquele último pique, um sprint para deixar muito velocista com inveja, é subtamente interrompido pelo sistema de som da estação: “Senhores passageiros, roletas travadas para a sua segurança”. Meu deus, não é para minha segurança, e sim, para a minha raiva! No final a gente supera…

Falando em desafios não poderia deixar de citar o mais temido dos vilões: o tal dos sistemas estruturais. Vetores, diagramas de forças, tesouras de madeira, resistência dos materiais já nos proporcinavam emoções suficientes em um período letivo. Até surgir aquele professor, que alguns se arrepiam só de falar o nome, nos apresentando as maravilhas do concreto armado e o empolgante cálculo dos parafusos e da solda a serem realizados em um perfil metálico. Só se tinha uma certeza do que cairia na prova: lágrimas. Ironicamente, como já diria Gilberto Gil, é como se “ter ido fosse necessário para voltar”, pois cá estamos hoje de uma certa forma mais unidos justamente pelo nosso maior algoz – aulas até as dez horas da noite, encontros de estudos, monitoria serviram para que toda a agonia fosse compartilhada e, de uma certa forma, amenizada. No mínimo levamos dessa epopéia bons amigos e uma satisfação indescritível de se ver, enfim, livre de toda a turbulência vivenciada nesses períodos.

• A UFF nos ensinou a cumprir prazos – nem que isso custe a sua vida social.

Para ilustrar essa passagem devo citar a primeira lei do estudante de arquitetura: “Todo indivíduo em atraso tende a permanecer em atraso a não ser que uma força chamada FIM DO PRAZO DE ENTREGA atue sobre o mesmo.” Devo dizer que quando nos matriculamos no curso editaram a parte dos infindáveis trabalhos a que fomos submetidos. Por conta disso desenvolvemos habilidades extracurriculares como a diplomacia para contornar os prazos apertados de entrega. Rio Branco ficaria orgulhoso de todos nós. E haja viradas de noite para conseguirmos cumprir todas as entregas de projeto. E devo salientar que sempre tínhamos a companhia de uns aos outros nessa empreitada – o que sempre foi motivo de alívio e motivação.

• A UFF nos ensinou uma virtude essencial: paciência.

A paciência deveria ser a palavra chave da arquitetura. Plantas, detalhes, cortes, maquetes eletrônicas são definitivamente provas de que um bom arquiteto é paciente. Não bastasse o carga de trabalho a ser realizada ainda temos que lidar com programas que querem, literalmente, nos destruir. Só quem testemunhou um Fatal Error do Autocad entende a importância dos ensinamentos deixados por Ghandi. É hora de respirar fundo e encarar. E quando você acha que todos os percausos foram sanados você chega num lugar amaldiçoado chamado plotadora. Daqui há pouco teremos, sei lá, a cura do câncer mas não resolveremos o problema da “vontade própria” de uma impressora. O universo inteiro conspira para derrubar o arquiteto, mas nós damos um jeito e conseguimos. Acho até que deveríamos retificar aquele velho slogan. O certo seria: Arquiteto não desiste nunca. O próprio Niemeyer comprovava esse tese. Só desistiu de viver aos 104 anos – devia estar esperando uma plotagem sair certo.
Além desses diversos ensinamentos absorvidos ao longo do curso é preciso salientar que nunca estivemos sozinhos nessa caminhada. É chegado a hora de dar merecidamente os créditos para aqueles que influenciaram diretamente para estarmos aqui hoje.

Aos nossos inestimáveis familiares. Finalmente chegou a hora de colhermos todo o esforço dispensado em conjunto. É… as crianças cresceram e cá estão com direito a cela especial e tudo! O amor e a dedicação de vocês foram fundamentais para nossa formação acadêmica e moral. Só vocês sabem os altos e baixos desse momento tão particular da nossa vida: crises de identidade, incertezas, variações de humor, noites mal dormidas e aquele clássico do estudante de arquitetura: “Mãe vou largar tudo, não aguento mais!”. E vocês sempre com aquela palavra de ternura e carinho: “Filho, se você largar eu te dou uma surra”. Brincadeira!

É um prazer inenarrável compartilhar esse momento com vocês – às vezes acho que tudo isso é muito mais por vocês do que por nós. Amamos vocês!

Aos amigos de turma que não estão participando da formatura hoje, devido aos diversos caminhos que a vida nos impõe. Saibam que a presença de vocês está sendo muito sentida, mas fiquem tranquilos que no final tudo se ajeita e com certeza em breve desfrutaremos a conclusão do curso de vocês!

Aos queridos professores da EAU que ajudaram cada um a se encontrar na profissão e na vida. Obrigado por fazerem da escola um ambiente extremamente favorável aos debates, discussões e por nos ajudarem a criar um olhar crítico fundamental para a compreensão da sociedade à nossa volta que, invariavelmente, influencia diretamente a produção arquitetônica e a dinâmica de nossas cidades. O viés social presente no curso sempre nos inspirou a sermos arquitetos mais conscientes e humanos – algo bem escasso em tempos tão difíceis. Sabemos que a rotatividade do ambiente acadêmico não permite a exata lembrança de todos aqui presentes, mas tenham a certeza de que pra nós vocês, mestres, serão inesquecíveis.

Aos funcionários da escola pela dedicação e consideração demonstrada em diversos momentos, como os meses trabalhados mesmo com longos atrasos no repasse dos salários. A luta por condições mais dignas de trabalho continua e estamos com vocês.

Permitam-me sair um pouco do papel de orador e me pronunciar diretamente a vocês, amigos! Fico muito contente em saber que teremos sempre um espaço para nos encontrar: o Facebook. Agora falando sério, obrigado por esses anos indescritíveis que vocês proporcionaram. Não tenho dúvidas que todo a pesada carga do curso foi amenizada pela presença de vocês. Muitas lembranças simplesmente brotam ao escrever esse texto: Andanças em busca de alguma moeda no trote, pizzadas, aulas de reposição em pleno verão, compartilhar a ansiedade de comer strogonoff com aquele champignon solitário no bandejão, papos jogados fora no chalé, aquela sensação gostosa de ter saído do Rio para ir a uma aula que foi cancelada, deixar a economia do mês na xerox, ler, ou melhor, não ler “Memórias de Adriano”, ser quase atropelado por um 47, aquela cerveja no Nettu’s ou na Cantareira, o rangido da escada do casarão, comer um caô no trailler do Cláudio, e uma baratinha no do Adriano, futebol no paralelepípedo, pegar um vírus na informática, fazer hora no Plaza, estudos no EMPAZ… Enfim, poderia passar a noite inteira listando cada lacuna que será deixada por vocês. Podemos dizer que fizemos, praticamente, um plano do JK, 50 anos em 5 – e se depender da intensidade do curso de arquitetura também podemos dizer que envelhecemos fisicamente os 50 anos. Desejo do fundo do coração sucesso a todos e que a vida nos seja simpática e faça com que nossos caminhos sempre estejam, de uma certa maneira, unidos. Tê-los por perto é a prova cabal de que Mies Van der Rohe estava equivocado: menos não é mais.

Sucesso à todos e desfrutem desse momento! Um beijo à todos e muito obrigado!

Veja imagens da cerimônia:

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